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Inteligência Artificial na Prática: do poder das linguagens ao desenvolvimento de software customizado

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Nos últimos posts da série Inteligência Artificial na Prática, exploramos como a IA vem transformando diferentes setores da economia: da eficiência operacional no setor eletroeletrônico até as novas experiências e oportunidades no mercado imobiliário. 

Agora, no quinto post da série, vamos mostrar como a inteligência artificial está moldando o futuro do desenvolvimento de software customizado, impulsionada pelo poder das linguagens.

Até pouco tempo, a criação de sistemas customizados exigia longos ciclos de desenvolvimento, altos investimentos e equipes altamente especializadas. Hoje, esse cenário mudou radicalmente. De ferramentas de geração automática de código a plataformas capazes de entender comandos em linguagem natural, a IA vem democratizando o acesso ao software personalizado, tornando-o mais rápido, acessível e escalável.

Neste post, descubra como as linguagens naturais e de programação evoluem com a inteligência artificial, quais são as principais aplicações em projetos de software customizado, de que forma empresas B2B e B2C já se beneficiam dessas soluções e quais os desafios de adotar essa tecnologia em escala.

 

O poder das linguagens: da comunicação humana ao código de máquina

A relação entre linguagem e tecnologia sempre foi determinante na evolução do software. Para que máquinas entendam instruções humanas, é necessário traduzir ideias em código. No início, predominavam as linguagens de baixo nível, como Assembly, em que cada linha exigia conhecimento detalhado do hardware. Programar era trabalhoso, caro e restrito a poucos especialistas.

A evolução trouxe linguagens de alto nível, como C, Java e Python, que aproximaram a programação da lógica de negócios e aceleraram o desenvolvimento. Depois surgiram linguagens declarativas e frameworks, como SQL e R, que aumentaram a abstração de tarefas complexas.

Agora, entramos na era das linguagens naturais impulsionadas por IA. Com o avanço do processamento de linguagem natural (NLP), já é possível descrever em diversos idiomas o que se deseja, e a tecnologia traduz essa intenção em código funcional. Ferramentas como GitHub Copilot, ChatGPT, Amazon CodeWhisperer e Google Gemini permitem gerar trechos de código, sugerir correções e até construir sistemas completos a partir de instruções em texto.

Segundo a consultoria Gartner (2024), até 2027, 70% do novo código em empresas será escrito com auxílio de IA generativa. Isso confirma que não estamos diante de uma tendência passageira, mas de uma mudança estrutural na forma como desenvolvemos tecnologia.

 

O novo paradigma do desenvolvimento de software customizado

Software customizado sempre foi visto como a solução mais alinhada às necessidades específicas de um negócio. Mas o processo tradicional apresentava desafios: longos ciclos de levantamento de requisitos, custos elevados, riscos de falhas e prazos incompatíveis com a velocidade do mercado digital.

A inteligência artificial está mudando esse cenário em praticamente todas as etapas. No levantamento de requisitos, algoritmos já conseguem analisar documentos e históricos de atendimento para mapear necessidades de negócio, reduzindo falhas de comunicação entre cliente e desenvolvedor. Na geração de código, modelos como Codex ou LLaMA escrevem em diferentes linguagens de programação a partir de descrições em texto, acelerando protótipos e testes.

Nesse contexto, Python se destaca como a linguagem mais utilizada para projetos de IA e software customizado. Sua sintaxe simples, a vasta comunidade e a ampla gama de bibliotecas especializadas como TensorFlow, PyTorch, Scikit-learn e Pandas, tornam o desenvolvimento mais ágil e acessível. Além disso, o Python permite integração fluida com APIs de modelos de linguagem, facilitando a criação de sistemas que combinam aprendizado de máquina, automação e análise de dados em soluções customizadas.

Os ganhos também aparecem na qualidade. A IA executa simulações automatizadas, identifica vulnerabilidades e sugere melhorias de performance antes do lançamento. Já na manutenção, sistemas inteligentes monitoram o funcionamento em tempo real, preveem falhas e sugerem atualizações de forma proativa.

A IA não substitui equipes de desenvolvimento, mas amplia suas capacidades e, com o suporte de linguagens como Python, reduz drasticamente o tempo e o custo de criação de soluções personalizadas.

 

Casos práticos: onde a IA já está transformando o software customizado

  • Varejo de eletroeletrônicos: grandes redes criam plataformas próprias de gestão de preços integradas a monitoramento de concorrentes e precificação dinâmica. Antes, dependiam de soluções de mercado engessadas; agora, têm sistemas moldados às suas estratégias.
  • Setor imobiliário: imobiliárias já adotam IA para atendimento com chatbots e precificação preditiva, mas também desenvolvem softwares próprios que integram essas soluções a CRMs e plataformas de gestão.
  • Saúde: hospitais criam softwares customizados que unem histórico de pacientes, diagnósticos por imagem com IA e automação de relatórios médicos, adaptando cada sistema às regras de compliance.
  • Indústria 4.0: fábricas conectam sensores IoT a algoritmos de previsão de falhas e dashboards de controle, tornando a automação mais escalável e adaptável.

Esses exemplos mostram como diferentes setores já estão capturando o valor estratégico do software customizado com Inteligência Artificial.

 

Benefícios estratégicos do software customizado com Inteligência Artificial

A adoção de IA no desenvolvimento de software não é apenas uma decisão técnica, mas estratégica. Estudo da McKinsey, aponta que empresas podem reduzir em até 60% os ciclos de desenvolvimento com o uso de IA generativa. Além disso:

  • Redução de custos com menor dependência de equipes externas e licenças de softwares engessados;
  • Flexibilidade para criar sistemas que se adaptam a regras e processos únicos;
  • Escalabilidade para crescer junto com o negócio, sem substituições constantes;
  • Inovação contínua, com aprendizado de máquina impulsionando melhorias constantes.

 

Desafios e pontos de atenção

Apesar dos ganhos, a adoção de Inteligência Artificial no desenvolvimento de software exige atenção. Nem toda linha de código gerada por modelos de IA é otimizada ou livre de falhas, e ainda há dependência de fornecedores de tecnologia.

Outro desafio é a privacidade de dados: softwares personalizados lidam com informações críticas, exigindo governança robusta. Questões culturais também surgem. Muitas equipes temem substituição, quando na prática a IA é um recurso de apoio.

Por fim, há o debate ético e a questão dos vieses algorítmicos. Softwares que envolvem crédito, saúde ou recrutamento, por exemplo, precisam de auditoria contínua para evitar a reprodução de desigualdades.

Esses pontos reforçam que a adoção da Inteligência Artificial deve estar alinhada a uma estratégia clara, com governança e supervisão especializada.

 

Como as empresas podem se preparar para essa transformação

Empresas que desejam explorar a IA em projetos de software customizado devem adotar uma abordagem estruturada. O primeiro passo é realizar um diagnóstico interno, identificando gargalos que poderiam ser resolvidos com automação inteligente. Em seguida, é fundamental investir na capacitação de equipes, preparando desenvolvedores e gestores para trabalhar em conjunto com ferramentas de Inteligência Artificial.

Outro ponto decisivo é a escolha da arquitetura tecnológica: soluções open source oferecem flexibilidade, enquanto modelos proprietários podem trazer limitações de custo e uso. A governança de dados deve ser prioridade, garantindo conformidade com legislações e a proteção de informações sensíveis.

Finalmente, recomenda-se iniciar com projetos-piloto, validando hipóteses em menor escala antes de expandir para soluções mais complexas. Esse modelo progressivo aumenta as chances de sucesso e reduz riscos de investimentos elevados sem retorno.

 

Conclusão

A inteligência artificial aplicada ao desenvolvimento de software customizado não é apenas uma tendência, mas uma realidade que redefine a forma como as empresas constroem soluções, otimizam processos e entregam valor ao mercado. Do uso avançado de linguagens de programação à automação de testes, passando pela integração de algoritmos de machine learning, a IA está transformando o próprio ato de desenvolver tecnologia.

Mais do que ganhos de produtividade, estamos diante de um novo paradigma em que softwares não apenas atendem demandas atuais, mas também antecipam necessidades futuras, aprendem com dados em tempo real e contribuem para a criação de ecossistemas digitais mais inteligentes e conectados.

Na ASM, acreditamos que a adoção estratégica da inteligência artificial no desenvolvimento de soluções customizadas é um dos diferenciais mais importantes para empresas que querem se manter competitivas no cenário global.

No próximo post, vamos discutir o futuro da inteligência artificial e sua conexão com sustentabilidade e critérios ESG, analisando de que forma essa tecnologia pode impulsionar negócios mais responsáveis, eficientes e alinhados às novas demandas da sociedade e dos investidores.